segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Climatinê: Batman - O Cavaleiro das Trevas - Parte 1 por Corto

por
Corto de Malta

A esperada adaptação da obra máxima de Frank Miller com o Batman.
SPOILERS


Bom, acho que ninguém esperava uma versão caninamente fiel da mini-série revolucionária de Miller, Batman – The Dark Knight Returns, mas os produtores da Warner até que conseguiram surpreender os mais pessimistas.


Na história acompanhamos um velho Bruce Wayne aposentado da vida de combatente do crime após a morte de Jason Todd (embora o ocorrido nunca seja citado em detalhes tal como na HQ) enquanto Gotham afunda cada vez nas mãos de uma nova geração de criminosos, especialmente a Gangue Mutante.

Após uma cirurgia plástica e tratamento psiquiátrico aparentemente bem sucedidos, Harvey Dent desaparece e cada vez mais Bruce se sente empurrado por uma força avassaladora e pelo trauma da morte dos pais fazendo com que vista novamente a capa e o capuz do Batman.



Esqueça a abordagem psicológica sofisticada dada através da narrativa do protagonista no original. Inexplicavelmente ela foi completamente ignorada e isso é fatal pra ambiguidade proposta por Miller quando contrapunha a opinião da imprensa e do Dr. Bartholomew com as motivações de Bruce. A ausência desse choque de idéias faz parecer que a história é (muito) mais reacionária do que de fato era em 1986.

Por outro lado a opção por uma estética de anime morderna (estilo Estúdio Madhouse) se encaixou bem na proposta da animação. Eles foram relativamente fiéis na reprodução dos fatos da HQ. O Batman engolfando a personalidade de Bruce Wayne, o poder da mídia, a violência urbana, o cansaço do Comissário Gordon, Carrie Kelly, o Coringa catatônico, o Líder Mutante, o Duas Caras etc. tá tudo lá.
Chama a atenção como eles conseguiram passar as cenas de luta com a mesma sanguinolência da HQ.



Ainda assim alguns detalhes de grande importância foram suprimidos, como o suicídio do General (senti falta de vê-lo enrolado numa bandeira americana), os Mutantes citando o fato de Gordon ter mais de uma mulher, o ataque do Duas Caras as Torres Gêmeas de Gotham, pequenos detalhes que parecem ter ficado de fora pra evitar a censura. Nesta primeira parte eu não senti que isso prejudicou o contexto geral. Ainda dá pra sentir no desenho animado o toque artístico da abordagem do Miller, do tempo em que era considerado um mestre em contar tipo de história.
 
 
Apesar de alguns conceitos oitentistas datados – como o comportamento das gangues de punks – o que sobressai é um grande enredo de aventura numa narrativa inteligente. O diálogo entre Gordon e Yindel, onde o velho Comissário explica sua experiência na convivência com o Batman, é excelente. Provavelmente boa parte da galerinha juvenil não entenda o significado disso, mas essa cena me faz pensar que talvez Frank Miller sempre tenha sido um conservador de direita e que talvez sua visão de mundo fosse errada desde sempre… talvez… mas pelo menos antigamente ele tinha argumentos pra defender essa visão de forma honesta… e pelo menos antigamente ele era um artista de verdade.


Se tem duas coisas que a animação tem de bom que não se encontra no original, são o easter egg com Sandman, Monstro do Pântano, V de Vingança e a dublagem, com direito a Marcio Seixas na versão brasileIra. Se você não é um garoto alegre criado a leite com pera e ovo maltino, sabe que ele é a voz clássica do personagem no Brasil.


Que venham o Palhaço e o Azulão.


 

Um comentário:

Renver disse...

Corto é impressão minha ou ficava meio indefinido na HQ se o Batman matou algumas pessoas propositalmente... por exemplo o mutante que tava sequestrando o bebê... Na HQ dá a entender que ele metralhou o pilantra e eu também entendi que ele matou o general (embora esse numa segunda leitura pode-se entender que ele se suicidou)...

Postar um comentário

Todos os comentários e críticas são bem vindos desde que acompanhados do devido bom senso.