quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Climatinê: Star Wars - Episódio VII: O Despertar da Força

por
Corto de Malta


"Estamos em casa, Chewie".


SPOILERS ABAIXO



Décadas após a Batalha de Endor, que culminou nas mortes de Darth Vader e do Imperador Palpatine, Luke Skywalker (Mark Hamill) está desaparecido e surge uma nova ameaça dos escombros do Império: a Primeira Ordem, uma organização que ameaça a República sob a liderança do misterioso Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), que mantém sob seu comando o fanático General Hux (Domhnall Gleeson) e o psicótico Kylo Ren (Adam Driver), que se julga herdeiro do destino de Vader no Lado Sombrio.

Para enfrentá-los, a agora General Leia Organa (Carrie Fisher) organiza uma Resistência. O objetivo principal dos dois lados é descobrir o paradeiro de Luke. A informação de sua localização encontra-se dentro do pequeno androide BB-8, pertencente ao piloto Poe Dameron (Oscar Isaac), e ambos acabaram na mira da Primeira Ordem quando são socorridos respectivamente pela órfã de passado enigmático Rey (Daisy Ridley), que vive solitária no Planeta Jakku, e pelo Stormtrooper FN-2187 (John Boyega), e é rebatizado por Poe como Finn após estranhamente desertar do exército de Snoke.


 Unidos por um intrigante despertar na Força, Rey e Finn acabam representando uma nova esperança para a Resistência encontrar Luke antes da Primeira Ordem, especialmente quando um velho amigo cruza o seu caminho para conduzi-los para a direção certa: Han Solo (Harrison Ford).




Bastante aguardado pelos fãs, Star Wars - Episódio VII: O Despertar da Força tem principalmente o mérito de ser mais próximo do espírito da trilogia clássica (Episódios IV, V e VI) que da criticada trilogia prequel (Episódios I, II e III). JJ Abrams repete o belo trabalho que havia feito no reboot de Star Trek e costura satisfatoriamente os pontos fundamentais do passado de uma franquia amada pelo público ao mesmo tempo em apresenta uma modernização que procura somente acrescentar ao respeitado material original.

Todas as referências vão agradar aos entusiastas de Star Wars e ao mesmo tempo o fato dos personagens novos conduzirem a trama principal é perfeito para atrair novos espectadores.


As cenas de ação no espaço, a batalhas de sabres de luz em terra firme, uma cena entre pai e filho, os discursos dos vilões com influência nazista, a heroína de vida simples no deserto que é destinada à uma grande aventura, o piloto arrojado e seu pequeno androide simpático, o vilão de máscara indeciso entre os dois lados da Força, o vilão maior que primeiramente só aparece em holograma, os personagens mais velhos e sábios que orientam os mais novos, o lendário mestre Jedi que vive exilado num planeta distante, uma temida arma de destruição em massa dos vilões que pode matar milhões com um raio, os heróis buscando ajuda de um mercenário trapaceiro e seu parceiro Chewbacca a bordo da nave Millenium Falcon.



Todos esses elementos muito bem executados por Abrams e pelo roteirista Lawrence Kasdan representam um eco da trilogia clássica. E isso é bom e ruim.

Bom porque praticamente se elimina o perigo de se pisar em falso logo no primeiro longa metragem de uma nova trilogia, ruim porque não apresenta de fato nenhuma inovação ao que já estamos cansados de ver, o que dá a O Despertar da Força algumas vezes uma certa cara de fanfilm. Curiosamente, a cena mais dramática ousada da história casou bastante polêmica justamente entre os fãs, mas faz todo o sentido no contexto. Apesar de que ela também não escapa do elemento referencial onipresente, embora registre uma inversão do conflito mais famoso de Star Wars.



Quando O Despertar da Força chega ao fim a primeira impressão que se tem é que a nova história avançou demais pois muito foi contado e mostrado. Uma breve reflexão, porém, logo nos leva a outra conclusão: a nova história não avançou quase nada pois muito pouco de NOVO realmente foi mostrado, já que passamos a maior parte do tempo nos reambientando com velhos conceitos da trilogia original (quase como num processo de higienização da trilogia prequel em nossas mentes).

Por exemplo, até agora o público está completamente sobre o que ocorreu após O Retorno de Jedi e os acontecimentos que levaram Luke ao exílio. Essa decisão criativa seguramente reservará muitas surpresas para os vindouros Episódios VIII e IX - que possivelmente dessa vez também trarão alguns elementos da trilogia prequel para o roteiro -  que possivelmente quando assistidos em conjunto com este darão novos significados à muitas das cenas vistas em O Despertar da Força. 


Enquanto isso, o Episódio VII ainda tem o mérito de ser um filme de (re)apresentação correto e uma bela história de aventura à moda antiga, contagiada pelo clima de nostalgia por nos fazer revisitar com entusiasmo e energia renovados uma galáxia muito, muito distante...


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